Lesões na Coluna Lombar no Culturismo: O Impacto do Treino de Força na Saúde da Lombar
A coluna lombar é uma das regiões mais sobrecarregadas no culturismo e na musculação. Movimentos como agachamento, levantamento terra, remadas e prensa de pernas exigem um elevado grau de estabilidade lombar e, quando executados de forma inadequada, aumentam o risco de lesões
LESÕES MUSCULARESCULTURISMO
António Martins
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Estudos indicam que as lesões lombares representam até 85% das lesões musculoesqueléticas em praticantes de musculação (Franca & Harcet, 2024; Islam et al., 2024).
A dor lombar pode variar de um desconforto leve e transitório até patologias mais graves, como hérnias discais e fraturas de stress.
Neste artigo, exploramos as principais lesões lombares no culturismo, os seus fatores de risco e as estratégias para manter a lombar forte e saudável.
As lesões mais comuns na coluna lombar no culturismo
A sobrecarga excessiva e a falta de estabilidade do core são os principais fatores para o desenvolvimento de lesões lombares. Entre as mais frequentes, destacam-se:
Hérnia discal lombar
A hérnia discal ocorre quando há protrusão ou extravasamento do núcleo do disco intervertebral, comprimindo raízes nervosas e causando dor intensa, sensação de formigueiro e perda de força nos membros inferiores (Islam et al., 2024).
Fatores de risco
✔ Execução incorreta do levantamento terra e agachamento profundo
✔ Uso de carga excessiva sem ativação adequada do core
✔ Falta de mobilidade na coluna torácica e anca, forçando compensações lombares
Prevenção:
Fortalecimento do core (músculos abdominais profundos e multífidos)
Ajuste técnico no levantamento terra
Alongamentos de cadeia posterior para reduzir tensões na coluna
Espondilólise e Espondilolistese
A espondilólise é uma fratura por stress na vértebra lombar, comum em atletas que realizam hiperextensão repetitiva da coluna. Em casos mais graves, pode evoluir para espondilolistese, onde há deslizamento da vértebra, provocando dor crónica e instabilidade na lombar (Siewe et al., 2014).
Fatores de risco
✔ Execução excessiva de hiperextensão lombar (hiperextensões, remadas com arco excessivo)
✔ Fraqueza nos estabilizadores da lombar e no glúteo médio
✔ Carga excessiva na prensa de pernas, promovendo força de cisalhamento na lombar
Prevenção:
Evitar hiperextensões forçadas durante os exercícios
Fortalecer os músculos estabilizadores profundos da coluna
Corrigir desalinhamentos posturais para evitar sobrecarga vertebral
Lombalgia crónica e dor miofascial
A lombalgia crónica pode surgir devido a uma disfunção mecânica da coluna, fraqueza muscular ou padrões de movimento inadequados. Muitas vezes, a dor tem origem miofascial, resultante de tensões musculares excessivas e trigger points na região lombar e glútea (Recalde, 2019).
Fatores de risco
✔ Desbalanço entre força e mobilidade da cadeia posterior
✔ Má ativação dos glúteos, levando a compensação lombar
✔ Treinos de pernas e costas intensos sem recuperação adequada
Prevenção
Liberar tensões miofasciais com terapia manual e foam roller
Trabalhar controle motor e ativação do core antes dos treinos
Alternar exercícios de mobilidade com fortalecimento da região lombar
Quando procurar fisioterapia?
Se sentir dor lombar persistente, irradiação para as pernas ou dificuldades em realizar certos movimentos, pode estar a desenvolver uma lesão crónica. A fisioterapia pode ajudar a:
✔ Reduzir a dor e a inflamação
✔ Reeducar o padrão de movimento para evitar compensações
✔ Fortalecer os estabilizadores lombares e do core
✔ Melhorar a mobilidade da cadeia posterior para aliviar tensões
A recuperação deve ser progressiva, evitando a sobrecarga precoce e corrigindo desequilíbrios musculares para garantir um retorno seguro aos treinos.
Como proteger a coluna lombar?
As lesões lombares são comuns, mas podem ser prevenidas com as estratégias certas:
Técnicas corretas nos exercícios compostos – Nunca negligenciar a postura e o alinhamento da coluna.
Fortalecimento do core – Abdominais profundos e multífidos são essenciais para a estabilidade lombar.
Mobilidade da anca e da coluna torácica – Evitar compensações na lombar por falta de mobilidade noutras regiões.
Recuperação adequada – Evitar excesso de carga sem repouso adequado.
Acompanhamento em fisioterapia – Prevenção e reabilitação personalizada para evitar recidivas.
Próximo artigo: Lesões no Joelho no Culturismo
Agora que sabe como proteger a lombar, sabia que o joelho é outra das articulações mais vulneráveis no treino de força? No próximo artigo, vamos explorar as principais lesões do joelho no culturismo e como evitar sobrecarga articular. Fique atento!
Bibliografia:
Franca, V., & Harcet, J. (2024). Musculoskeletal injuries in bodybuilders: A brief review with an emphasis on injury mechanisms. Exercise and Quality of Life.
Siewe, J., Marx, G., Knöll, P., Eysel, P., Zarghooni, K., Graf, M., Herren, C., Sobottke, R., & Michael, J. (2014). Injuries and Overuse Syndromes in Competitive and Elite Bodybuilding. International Journal of Sports Medicine, 35, 943–948.
Islam, M. S., Rana, M. J., Sarker, M. E., Islam, M. N., Miah, M. S., Hossain, M. I., Jahangir, R., Akter, R., & Ahmed, S. (2024). Prevalence and predictors of musculoskeletal injuries among gym members in Bangladesh: A nationwide cross-sectional study. PLOS ONE, 19(1), e0303461.
Recalde, E. (2019). Prevalência de lesões em praticantes de musculação. [Tese não publicada / artigo sem DOI disponível]